A
cultura africana, certamente, contribuiu muito para que a cultura brasileira
chegasse ao seu estado atual. Seja na música, culinária, folclore, entre
outros, fomos muito influenciados pelos negros, principalmente por aqueles
vieram ao nosso país como escravos. O blog A
Língua do Brasil tratará do tema dos traços linguísticos provenientes do
contato do português com as línguas africanas.
A presença de vocábulos de origem
africana no português falado no Brasil já foi interpretada de diversas
maneiras. Há estudiosos, como Renato Mendonça no livro A influência africana no português do Brasil (1953), que defendem
justamente a noção de “influência” das línguas africana no português
brasileiro. Outros, como Serafim da Silva Neto, se referem à hipótese de uma
crioulização prévia da língua portuguesa. Além de muitas outras teorias,
destaca-se a de que houve um “empréstimo linguístico” feito pelo português.
Essa ideia é defendida por Emilio Bonvini em Os vocábulos de origem africana na constituição do português falado no
Brasil, publicado no livro África no
Brasil – a formação da língua portuguesa (FIORIN; PETTER).
Para efeito de análise, blog levará
em conta a interpretação de “empréstimo linguístico”, que parece mais adequado
do que outras acepções.
A apropriação de termos linguísticos
de origem africana pelo português se deu, principalmente, pelas relações
sociais entre negros e brasileiros advindas do trabalho escravo. Nas palavras
de Bonvini, esses empréstimos foram essencialmente obra de falantes do
português que, para expressar uma realidade diferente daquela que era,
inicialmente, a sua, emprestaram das línguas africanas as palavras que a
designavam, conseguindo assim integrar essas mesmas palavras ao português,
depois de um tratamento linguístico apropriado. (BONVINI, 2008, p. 101-144)
É importante ressaltar que o léxico
surgido através desses empréstimos não é homogêneo e diz respeito a diferentes
esferas da vida cotidiana, como escravidão, economia açucareira, produção de
minérios, vida urbana, religião etc.
O registro de vocábulos de origem
africana no português do Brasil não é recente. No século XIX, foram registradas
palavras como: batuque, caçula, cochilar, fuxicar, mandinga, quindim, quitanda, entre outras. No século XX, essa lista aumenta
consideravelmente.
A grande maioria dos termos de
origem africana foi registrada por Macedo Soares e Beaurepaire-Rohan. Entre os
vocábulos encontrados nos trabalhos deles, há muitos que conservam atualmente o
mesmo significado do período em que foram registrados, como cachimbo, carimbo, missanga, quitute. Há, também, alguns que possuem
contemporaneamente um significado diferente daquele registrado. Por exemplo, à palavra muamba é atribuído, pelos dois autores, o significado de “fraude,
engano doloso, velhacaria”, que não parece ter muito a ver com o sentido atual
da palavra (“produto comercializado ilegalmente”).
Em geral, os vocábulos de origem
africana se referem a realidades específicas do contexto de escravidão. Mesmo
assim, são inegáveis a contribuição e o enriquecimento que o empréstimo
linguístico de termos africanos trouxe à língua portuguesa falada no Brasil.
Algumas
palavras de origem africana emprestadas à língua portuguesa:
BANGUELA
BUNDA
CACHAÇA
CACHIMBO
CAÇULA
CAFUNÉ
CANGA
CARIMBO
COCHILAR
CORUNDA
DENGO
FUBÁ
MACACO
MIÇANGA
MOLEGUE
QUILOMBO
QUITANDA
QUITUTE
SENZALA
TANGA
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