quarta-feira, 12 de junho de 2013

Museu da Língua Portuguesa

        Na Praça da Luz, aonde se chega com facilidade através na Estação Luz de Metrô, está localizado o Museu da Língua Portuguesa, que existe para valorizar a nossa querida língua. Lá, é possível conhecer a história da Língua Portuguesa, de maneira didática e divertida, através de vídeos, painéis e outras plataformas tecnológicas que transgredem a concepção tradicional de museus.

            A respeito do tema discutido no blog, a formação da língua portuguesa no Brasil, o museu traz um grande leque de informações, que abarcam a chegada da língua ao nosso país, as palavras presentes nela de origem tupi, africana, árabe etc.

            O museu recebe muitos estudantes de escolas interessados em aprender sobre a língua portuguesa de uma forma inovadora.

O Museu da Língua Portuguesa é uma ótima opção de programa cultural. O passeio ainda pode ser incrementado com uma visita à Pinacoteca, localizada do outro lado da rua.












sábado, 8 de junho de 2013

A expansão da gíria como fenômeno linguístico no português brasileiro atual

          Foi-se o tempo em que falar de quem se utilizava da gíria como vocabulário meramente criptológico era tratar apenas da linguagem da marginalidade, dos excluídos, dos não-escolarizados. Neste rol, os presidiários, os internos das casas de correção, os traficantes e toxicômanos, as prostitutas, os gays, os ignorantes.( adaptação da " Revista Mário de Andrade, v.54,  jan./dez. 1996)

Hoje, tratar da gíria como fenômeno sócio-linguístico significa ir a fundo em suas contribuições para o léxico e no modo como esta inserção se deu. Da gíria de grupo que é restrita e fechada, onde há nítida intenção no binômio agressividade / defesa para o repasse à gíria comum e, até mesmo, à escrita e diálogos de TV, jornais, revistas e políticos, muita coisa aconteceu no campo interacional.

Assim, por exemplo, a gíria faz parte das mais diversas situações de comunicação, possui significado efêmero e aberto – haja vista acompanhar a evolução do mundo moderno, em especial das grandes cidades. Ela absorve em si a pressa contida na fala oral, força maior interação e proximidade entre os falantes.

Ela confere ainda um status de superioridade enquanto linguagem restrita e inovadora – como falar uma segunda língua num grupo que a desconhece. Além disso, há um esforço perene na criação de novos vocábulos gírios na tentativa de manter a diferença e originalidade na fala.

A distribuição do uso dos vocábulos gírios fechados para os gírios comuns deu-se, principalmente, pelo nivelamento linguístico proposto pela TV, em novelas, programas de humor e telejornais. Como não é possível atender de forma direta a todo o público brasileiro, mistura-se as variantes da língua – do culto ao coloquial, do formal ao popular ( confundido com o gírio). E daí estende-se os vocábulos para a fala cotidiana, para a escrita, para a escola. ( Adaptação de Preti, Dino. " A gíria e outros temas", Edusp, 1984)

Segue exemplos de vocabulários gírios:

- Tráfico / toxicômanos:
  - mula: aquele que transporta droga no estômago
  - aviãozinho: criança que repassa a droga
  - baratinado: eufórico, drogado
  - bagulho: maconha
  - cachimbo da paz: cigarro de maconha


Presidários:
  - táxi de malandro: os detentos novos carregam os líderes nas costas, forma de humilhação
  - juiz: detento que cuida da cela
  - fazer uma fita: realizar um roubo, uma contravenção
  - jaula: cela

Prostitutas:
 - mina: mulher explorada pelo cafetão
 - baludo: cliente rico

Gíria Comum:
 - camburão: vaso em que os presos, na faxina, colocam resíduos fecais / carro em que se transporta os presos
- sacana: esperto
- bronca: repreensão
- bolha: pessoa desagradável
- mamar: obter lucro de
- branquinha: cachaça
- quadrado: conservador

Exemplos de gíria retirados de Preti, Dino. " A gíria e outros temas", Edusp, 1984

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Variações da língua no Brasil do século XXI



“As diferenças na maneira de falar são maiores, num determinado lugar, entre um homem culto e o vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nível cultural originários de duas regiões distantes uma da outra. A dialetologia brasileira será, assim, menos horizontal que vertical.” (Teyssier, Paul. História da língua portuguesa, p.98)

            País de óbvia grande extensão territorial e, portanto, de igual grandeza na diversidade geográfica e cultural nos leva a ideia de que o português falado como língua oficial no Brasil pudesse ser subdividido em dialetos.


            Dialeto é, no entanto, uma norma própria de uma região, e a força dessa variação depende, entre outros fatores, do “tempo maior ou menor em que as variedades puderam se preservar sem submissão a uma norma escolar unificada” (Bearzoti, Paulo. “Características do português do Brasil”, Formação linguística do português no Brasil). Não houve, no Brasil, a presença desse fator visto que, apesar das variações, sempre houve uma submissão, uma ligação necessária a uma norma unificadora.


            Antenor Nascentes, citado por Celso Cunha (Nova Gramática do Português Contemporâneo, p.32-34), baseado em diferenças de pronúncias, distingue dois “dialetos” brasileiros – que nós denominaríamos dialetos – os do Norte (abertura das vogais pretônicas em palavras que não diminutivos nem advérbios em –mente; córrer por correr) e os do Sul (não abertura das vogais  e a “cadencia” da fala, mais descansada no Sul e mais cantada no Norte). Subdividindo-os teríamos o que Antenor Nascentes coloca como “subfalares”, dividindo o grupo do Norte em amazônico e nordestino, e o do Sul em baiano, fluminense, mineiro e sulista.


            As divisões que ocorrem no país, se observadas de perto são, segundo citação de Teyssier acima, muito mais sócio-culturais que geográficas, portanto a oposição maior de línguas estaria entre a língua das pessoas de maior instrução e a língua vulgar das camadas urbanas que variam em maior ou menor instrução. Portanto, entre dois brasileiros de mesmo “nível” cultural e de instrução porém de regiões diferente há menor diferença que entre dois da mesma região porém de níveis culturais e escolares diferentes, tal qual um analfabeto e um homem culto.





Variantes Regionais do Português do Brasil, segundo Antenor Nascentes  - filólogo e lexicógrafo - (1886-1972), pioneiro da dialetologia no Brasil, talvez atualmente superada ou imprecisa, serve apenas de referencial.